sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Conheça a trajetória vocacional dos 4 diáconos que serão ordenados neste sábado (3)

Diácono Matias Kipper

Fui criado em uma família de agricultores, no interior do município de Vista Alegre, lugar onde nasci; e desde pequeno quis ser padre. Meus pais contam que, quando eu era pequeno, estávamos na festa da comunidade e os seminaristas assim como o padre estavam participando conosco. Enquanto voltávamos para casa, pedi a meus pais o que eu tinha de fazer para ser padre. Eles ficaram um tanto surpresos com a pergunta, mas explicaram que deveria ir para o seminário. Desde aquele momento, sempre quando me perguntavam sobre o que queria ser quando crescer, respondia: quero ser padre. Quando tinha idade suficiente fui fazer o estágio, em 2005. 

Lembro que fiquei muito empolgado e cada vez mais decidido a entrar no seminário. Em 2006, fiz um novo estágio. Em 2007, com 13 anos, ingressei no seminário Nossa Senhora Medianeira, no primeiro ano do ensino médio, na Escola Estadual Técnica José Cañellas e concluí o ensino médio em 2009. Já em 2010 cursei o propedêutico. Nele o estudo era no próprio seminário, localizado no Bairro Aparecida, numa casa alugada. Também neste ano fiz um mês de estágio, na paróquia de Vicente Dutra, com o Padre Tiago Wolmann. No ano de 2011, comecei a cursar a faculdade de filosofia, na Universidade Regional Integrada - URI. Nos mudamos para outra casa, a qual é hoje a residência episcopal, que na época funcionava como seminário maior de filosofia. 

No final daquele ano eu e minha mãe sofremos um grave acidente de carro, durante o início das minhas férias. Acompanhei-a até o hospital em Erechim. Ela havia fraturado duas vértebras da coluna, sendo necessária a reconstituição de uma e a imobilização de ambas, ficando internada por 5 dias. Ela necessitou de cuidados especiais, por quase 3 meses. Necessitava que alguém a conduzisse para todos os lugares. Não poderia fazer nenhum movimento brusco. Durante o tempo da internação da minha mãe, meu pai teve que ser internado, com suspeita de AVC, o que com a graça de Deus não se confirmou. Quando cheguei em casa, vendo a situação em que nos encontrávamos, liguei imediatamente para meu reitor e diretor espiritual, e decidi que iria sair do seminário para cuidar deles. Não tinha como deixá-los naquela situação. Em casa, auxiliei meus pais, minha irmã com seus 9 anos e minha avó que posteriormente veio a falecer em outubro daquele ano. Fiquei fora do seminário cuidando da minha família, em 2012. 

Nesse tempo, além de estreitar muito os laços com meus familiares, também amadureci muito minha escolha vocacional. A decisão era retornar ao seminário. Tive a oportunidade de ir para o exército, pois havia conhecido um coronel do exército, enquanto cuidava da minha avó no hospital. Isso, porém, não era a vontade de Deus e, no ano de 2013, retornei ao seminário para continuar minha caminhada vocacional. Conversando com meus formadores sobre o retorno, fui informado que não poderia regressar para Frederico Westphalen, mas teria que recomeçar o curso em Passo Fundo, pois a URI havia encerrado o curso de filosofia. Assim comecei a cursar filosofia na cidade de Passo Fundo, no Instituto de Filosofia Berthier - IFIBE, nos anos de 2013, 2014 e 2015. Também realizei trabalhos pastorais no Bairro Victor Issler, dentre os quais catequese e liturgia; também auxiliávamos nos diversos movimentos e na pastoral hospitalar. Fui auxiliar dos Vicentinos, com os quais encontrei muita força na caminhada.  No ano de 2015, fomos informados que a teologia não seria mais cursada em Passo Fundo, mas passaríamos a estudar na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, em Porto Alegre, e moraríamos em Viamão, cidade próxima. 

Devido à mudança, no ano de 2016, comecei o curso de teologia na respectiva universidade e nela permaneci até o final deste ano. Neste meio tempo, com o intuito de nos aprofundarmos mais nas diversas realidades pastorais, auxiliávamos em paróquias da Diocese de Novo Hamburgo. Trabalhei por 2 anos na paróquia São Jorge, Bairro Campina, na cidade de São Leopoldo, na paróquia São Luiz Gonzaga, Catedral Basílica Diocesana, em Novo Hamburgo, onde exerci meu ministério de diácono. É uma grande alegria que agora, já tendo terminado esta etapa de formação, começarei a exercer o meu ministério na paróquia Nossa senhora Aparecida, em Tenente Portela, comunidade de origem dos meus pais. Espero que eu possa ser sinal e instrumento de Jesus Cristo e de sua amada Igreja, junto às pessoas que me forem confiadas. Assim pretendo retribuir o muito que tenho recebido. 

O lema que orientará a minha vivência sacerdotal é retirado do Evangelho segundo São João 8,32: “Veritas Liberabit Vos” - “A verdade vos Libertará”. Jesus Cristo é a Verdade encarnada. É no reconhecimento dessa Verdade que encontramos a plena liberdade e o sentido de nossa vida. É nessa realidade, no encontro da plena verdade, que podemos conformar e orientar o nosso caminho, as nossas escolhas, refletindo assim a opção que fizemos ao decidir sobre o chamado recebido gratuitamente da bondade e misericórdia de Deus.

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