quarta-feira, 29 de junho de 2022

Basílica Histórica de Aparecida completa 134 anos

Em 2004, a Basílica Histórica passou por uma restauração, sendo reinaugurada em fevereiro de 2015

Dia 24 de junho de 1888, Aparecida (SP) estava em festa. Neste dia, às 10h30, iniciava a solene celebração de inauguração da “Igreja de Monte Carmelo”, hoje Basílica Histórica, popularmente conhecida como Basílica Velha.

A celebração foi presidida pelo Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, então bispo de São Paulo, e contou com uma multidão e com a presença de autoridades políticas e religiosas da época. O primeiro vigário da Basílica foi o padre Joaquim Pereira Ramos.

“Nós estamos diante de um templo (Basílica Histórica) que concretiza todo o catolicismo do povo brasileiro, tanto do ponto de vista técnico e oficial de reconhecimento da Igreja Católica, como do uso concreto desse templo para lugar do grande desenvolvimento da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Da imagenzinha pobre e quebrada, que foi pescada no Rio Paraíba do Sul, à Imagem Oficial da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, mãe de Jesus Cristo”, afirmou o missionário redentorista padre Victor Hugo Lapenta, C.Ss.R.

De lá para cá, são 134 anos de história e de propagação da devoção a Nossa Senhora Aparecida em todos os cantos do Brasil. Em 28 de novembro de 1893, a Basílica recebeu o título de Episcopal Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em documento assinado por Dom Lino Deodato Rodrigues, bispo de São Paulo.

De capela para igreja

A primeira capela em honra a Nossa Senhora foi feita no Morro dos Coqueiros, em 1745, e, com o passar dos anos, foi sendo melhorada e ampliada. No começo do século XIX, mostrava-se muito acanhada diante da importância que a devoção a Nossa Senhora Aparecida tinha. Em 1844, com o aumento constante no número de romeiros, que visitavam a pequena capela, a mesa dirigente da capela, após várias consultas, decidiu, em vez de uma nova reforma e ampliação, demolir a antiga capela e construir uma nova igreja, desta vez maior e mais ampla. Assim, em 1845, foram demolidas as partes da estrutura e iniciada a construção da nova igreja, inaugurada 43 anos depois (1888).

Atentado à Imagem de Nossa Senhora

Em 16 de maio de 1978, um fato triste que causou comoção nacional. Nesse dia, na cidade de Aparecida, atingida por chuva e ventos fortes, houve um blecaute que apagou toda a Basílica Histórica durante a missa das 20h, no momento da distribuição da Comunhão.

Relatos de publicações da época e diversos livros sobre o assunto contam que o blecaute durou pouco tempo, cerca de dois minutos. Entretanto, foi o tempo suficiente para um jovem de 19 anos se dirigir ao altar, pular no nicho, em que estava exposta a Imagem de Nossa Senhora, quebrar o vidro de proteção e apropriar-se da Imagem. Ao retirá-la, a coroa se prendeu, inicialmente, ao vidro estilhaçado, caiu no chão e foi amassada; a cabeça se desprendeu e também caiu, estilhaçando-se em inúmeros pedaços.

Durante a fuga, já fora da Basílica Histórica, o jovem, com o corpo da Imagem nas mãos, foi alcançado pelo guarda João Batista. Nesse momento, o jovem deixou o corpo da Imagem cair e saiu em disparada pelas ruas de Aparecida, sendo capturado, a pouco mais de um quilômetro da Basílica, e encaminhado ao sanatório.

Com a Imagem esfacelada, as freiras Efigênia e Êgide, com a ajuda dos fiéis presentes na missa, começaram a juntar os pedaços da Imagem. Ao terminarem, perceberam que a Imagem da santa havia sido destruída em mais de 200 pedaços.

Restauração

Em 2004, a Basílica Histórica passou por uma restauração, sendo reinaugurada em fevereiro de 2015. “Um prédio com mais de 100 anos de uso estava bastante deteriorado. Não apresentava nenhum risco de desmoronamento, mas o prédio tinha passado por muitas modificações durante esse período e, visualmente, não tinha mais um aspecto edificante, tanto do ponto de vista artístico, de facilitação de seu uso como de seu desenvolvimento litúrgico e piedoso. Por isso foi necessário o restauro, disse padre Victor Hugo.

Felipe Guimarães
Felipe Guimarães

Nova administração pastoral

Desde 15 de dezembro de 2017, a Basílica Histórica deixou de ser Igreja Matriz da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, diocesana, e passou a responder ao Santuário Nacional. O motivo principal dessa decisão foi que, com o passar do tempo, a Matriz Basílica perdeu sua característica paroquial e se tornou um grande centro de evangelização e peregrinação, onde, diariamente, milhares de romeiros e devotos visitam o local. Com a nova administração pastoral, aumentou o número de missas e o atendimento às romarias, de modo a acolher melhor o devoto/romeiro que visita a Basílica Histórica.

Fonte! Reportagem postada no sítio oficial A12 - Jornal Santuário, em 24 de junho de 2022: https://www.a12.com/jornalsantuario/noticias/basilica-velha-completa-130-anos?fbclid=IwAR2Lct9yYUctZueuH2ul0QKSnFPtvKa4z5dTI1u18RTqx4n6gix4mMKuHg8

terça-feira, 28 de junho de 2022

Brasileira que foi mártir em plena década de 1980 será beatificada em dezembro

Créditos: Captura do Youtube

Uma brasileira que foi mártir em plena década de 1980 será beatificada em dezembro pela Igreja Católica. Trata-se de Isabel Cristina Mrad Campos, assassinada enquanto defendia com heroísmo a sua castidade durante uma covarde tentativa de estupro em 1982.

A cerimônia de beatificação está marcada para o dia 10 de dezembro em Barbacena, MG, presidida pelo cardeal Marcello Semeraro, prefeito da congregação vaticana para as Causas dos Santos. A notícia foi confirmada na manhã de quinta-feira, 23, por dom Airton José dos Santos, arcebispo de Mariana, também no estado mineiro.

Quem é a futura beata Isabel Cristina Mrad Campos

Filha do casal católico José Mendes Campos e Helena Mrad Campos, Isabel nasceu em 29 de julho de 1962 em Barbacena e, segundo depoimentos divulgados pela arquidiocese de Mariana, era “sensível, sobretudo com os mais pobres, idosos e crianças, o que certamente aprendeu na família, que era vicentina”.

Assídua na Santa Missa e na recepção dos sacramentos, Isabel participou, quando adolescente, da Associação de Voluntariado das Conferências de São Vicente, de cujo conselho central em Barbacena o seu pai era presidente.

Em 1982, foi fazer um curso pré-vestibular em Juiz de Fora, esperando ser aprovada na faculdade de medicina: tinha o sonho de tornar-se pediatra para atender especialmente as crianças pobres. Na cidade, frequentava a igreja do Cenáculo, onde fazia adoração ao Santíssimo Sacramento solenemente exposto.

Foi naquele mesmo ano que, em 1º de setembro, Isabel foi vítima de um covarde criminoso contratado para montar um guarda-roupa no pequeno apartamento para onde a jovem estava se mudando juntamente com o irmão, Paulo Roberto. O bandido tentou estuprá-la, enquanto Isabel resistia heroicamente para preservar a sua castidade. O agressor golpeou a jovem com uma cadeirada na cabeça. Em seguida, amarrou-a, pôs-lhe uma mordaça e rasgou sua roupa. Mesmo assim, Isabel não cedia. O bandido a matou então com nada menos que 15 facadas.

De acordo com a arquidiocese de Mariana, foram os fiéis que “tiveram a iniciativa de entrar com o pedido de um processo para sua beatificação”, o que se concretizou em 2001.

Em 2020, o Papa Francisco reconheceu o martírio da serva de Deus. A beatificação, no entanto, precisou ser adiada devido à pandemia de covid-19.

Outras mártires brasileiras da pureza

Situação semelhante à de Isabel ocorreu com a serva de Deus Benigna Cardoso da Silva, cujo martírio aos 14 anos, também decorrente da sua resistência contra um agressor sexual, foi reconhecido pelo Papa Francisco em outubro de 2019. Sua beatificação, igualmente postergada pela emergência sanitária, será finalmente celebrada em outubro deste ano.

Uma das mais conhecidas e veneradas mártires brasileiras que se sacrificaram para defender a pureza é a beata Albertina Berkenbrock, comparada com Santa Maria Goretti porque também foi morta muito jovem, em 1931, enquanto resistia a uma tentativa de estupro. Albertina tinha apenas 12 anos de idade.

Fonte! Buscamos esta postagem no sítio oficial da Rádio Aliança FM 106.3 de Porto Alegre, ali publicada no dia 24 de junho de 2022: http://alianca.fm.br/noticias/interna/15271

A Irmã Marie-Ange, uma freira com síndrome de Down: a alegria de seguir e amar Cristo

Créditos: © Collection privée. Jubilé de Petite Sœur Marie-Ange.

Um retrato da Irmã Marie-Ange, uma freira com síndrome de Down, que foi chamada de volta a casa de Deus aos 53 anos de idade, após ter passado 33 anos num humilde mosteiro

A Irmã Marie-Ange viveu a sua vida religiosa na comunidade das Pequenas Discípulas do Cordeiro. Uma comunidade fundada em 1985, única no mundo, que acolhe religiosas com síndrome de Down para que possam viver a sua vocação contemplativa. Em um livro (Choisie pour l’éternité! Marie-Ange et les petites sœurs Disciples de l’Agneau, ed. Artège), Raphaëlle Simon pinta um retrato luminoso da religiosa.

Marie-Ange nasceu em 1967, numa altura em que a síndrome de Down era apenas conhecida, experimentada como um defeito, até mesmo uma vergonha, e sem qualquer apoio da sociedade. Providencialmente, ela juntou-se à comunidade das Pequenas Discípulas do Cordeiro no seu início em 1987. Permaneceu ali até à sua morte em 2020, no final de uma vida consagrada que deixou uma impressão duradoura nas pessoas à sua volta.

As Irmãzinhas lembram-se da simplicidade, doçura e alegria de viver de Marie-Ange, e das suas “boas palavras” inspiradas pelo Espírito Santo, tais como “Viver em paz” ou “Sou uma freira para a eternidade”. Elas gostam de recordar os bons momentos que passaram juntas, e os hábitos de Marie-Ange, tais como copiar à mão seções inteiras dos Evangelhos, uma forma dela imergir na Palavra de Deus.

Vocação

Se Marie-Ange conseguiu viver a sua vocação em boas condições materiais, espirituais e fraternas, foi graças a um ambiente pioneiro, defendido pelo Papa João Paulo II na sua encíclica Evangelium Vitae, publicada em 1995. Nela, o Papa afirma o valor e inviolabilidade de cada vida humana, inscrita desde a sua origem no “plano de Deus”.

A comunidade de Marie-Ange foi benevolente, mas também corajosa e até pioneira. Profundamente cristã, a sua família foi no entanto abalada pelo anúncio da síndrome de Down da sua filha mais nova, e durante algum tempo retirou-se para dentro de si mesma.

Os pais de Marie-Ange foram felizmente postos em contato com o Professor Jérôme Lejeune, que foi capaz de responder às suas ansiedades e devolver-lhes a esperança, em particular através desta feliz profecia:

“Ela saberá amar melhor do que nós”.

Eles compreenderam que a sua filha não tinha “algo menos”, mas “um talento próprio, uma nota única para tocar na partitura da vida”. A provação não é menos pesada, mas é agora transfigurada por uma esperança cristã, que eles sabem que nunca desaponta.

Uma comunidade especial

A Madre Line, fundadora e superiora da comunidade das Pequenas Discípulas do Cordeiro, soube, como uma pioneira, deixar-se guiar pelo Espírito Santo quando viu uma necessidade.

Em 1984, Line Rondelot conheceu uma jovem com síndrome de Down, Véronique, que tinha tentado entrar numa ordem religiosa para viver a sua vocação, mas sem sucesso. Line percebeu nela um autêntico apelo à vida religiosa. Sentiu-se chamada a cumprir a sua vocação ao serviço das “pequenas, das humildes”, dando às pessoas com síndrome de Down o lugar que lhes compete numa comunidade especial.

De fato, Line Rondelot chegou ao ponto de propor ao Vaticano uma regra de vida comunitária adaptada aos portadores de síndrome de Down.

Finalmente, não esqueçamos uma das personalidades mais discretas, mas sem a qual a comunidade poderia nunca ter surgido: o Padre Henri Bissonnier (1911-2004), investigador e professor de psicopedagogia, que ao longo da sua vida testemunhou que as pessoas com deficiência mental são “capazes de relações, progresso, autonomia, inteligência de coração e uma vida espiritual”. Ele disse alto e bom som:

“No campo da vida espiritual, a noção de deficiência não tem lugar”.

Agora que Marie-Ange foi para o Céu, as Irmãzinhas rezam à sua irmã para interceder por novas vocações de religiosas, a fim de perpetuar a comunidade.

Uma lição para o nosso tempo

O termo “belo” nunca é usado na nossa sociedade para uma pessoa com síndrome de Down. No entanto, ao ler a vida da Irmã Marie-Ange, é o que vem rapidamente à mente: ela é “toda bela”, por dentro e por fora. Viveu a sua santidade na alegria de ter seguido e amado a Cristo, e, por assim dizer, transfigurou em Cristo as marcas da sua condição pessoal.

Sim, Deus ama as pessoas, todas as pessoas; ama a todos os que têm limitações graves, liberta-os pelo poder do seu amor e os convida à santidade tanto quanto as pessoas consideradas “mais capazes”.

“O que o homem vê não é o que importa: o homem vê a face, mas o Senhor olha o coração” (1 Samuel 16, 7).

O testemunho luminoso da Irmã Marie-Ange nos convida a resistir à violência do nosso tempo, que continua a negar às pessoas com síndrome de Down o direito de viver, ou mesmo “o direito de ser pessoa”, segundo a bela expressão da filósofa Jeanne Hersch.

O exemplo da Irmãzinha Marie-Ange e da sua comunidade nos lembra, pelo contrário, o mistério insondável de Deus, cuja preferência é pelos “muito simples”. Como diz a Bíblia: “Quem for simples apresente-se!” (Provérbios 9, 4) ou “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mateus 11, 25).

Fonte! Buscamos esta postagem no sítio oficial da Rádio Aliança 106.3 FM de Porto Alegre: http://alianca.fm.br/noticias/interna/15276