segunda-feira, 14 de abril de 2014

A GRANDE SEMANA

Na próxima semana, a Igreja celebra a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Com o Domingo de Ramos, entramos na Grande Semana ou Semana Santa, como costumamos denominá-la. Ela se inicia com a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. A meta desse caminho é a oferta que Jesus faz de si mesmo na cruz e é expressão singular de sua disposição de amar até o fim. 

À medida que Jesus vai realizando o seu caminho em direção a Jerusalém, ele vai encontrando pessoas que passam a acompanhá-lo. Encontra também um cego chamado Bartimeu, cujo nome significa “filho da honra”. Jesus restitui a vista ao “filho da honra”, que passa então a segui-lo. Diante do fato, as pessoas ficam maravilhadas. Não seria esse Jesus o Messias esperado? 

Chegando ao Monte das Oliveiras, realiza, a partir dali, sua entrada na Cidade Santa. Os peregrinos, que também foram a Jerusalém para as festividades pascais, deixam-se contagiar pela alegria dos discípulos; cantam, dançam, estendem suas vestes por onde Jesus vai passando. Chegando ao templo, ele tece crítica aguda ao modo como era gerido e utilizado. Isso causa estupor nos dirigentes que, por sua vez, decidem eliminar definitivamente Jesus. O que se segue é um misto de vingança e ódio, incompreensões e traições, humildade e prece, submissão e fidelidade. Tratam-se de expressões de profunda humanidade e, ao mesmo tempo, de radical disposição da parte de Jesus de se deixar conduzir.

A Semana Santa e os fatos acontecidos naqueles dias representam um grande convite a todos os homens e mulheres de boa vontade a meditar e refletir sobre as possibilidades e capacidades do ser humano. Ele pode tornar-se animalesco quando se perde na sua humanidade, quando não é capaz de discernimento, quando se deixa manipular. Mas pode também atingir as mais nobres possibilidades, quando sabe de sua condição e vocação. 

A Grande Semana representa uma possibilidade privilegiada para todos realizarem o caminho da subida a Jerusalém com o Senhor. Nesse itinerário, podem estar presentes distintos desafios, diferentes possibilidades. 
A Igreja do Brasil nos convidou a despertarmos para uma realidade desumana, presente entre nós: o tráfico humano. Essa realidade é marcada por traições, incompreensões, vergonha, dor e, por vezes, morte. Isso nos recorda que, quando não realizamos o nosso caminho com Jesus; quando não cultivamos, não promovemos, não cuidamos, não educamos nossa humanidade, podemos nos tornar mercadores do ser humano, nos tornar incapazes de ver, perceber e promover a pessoa; perdemos nossa honra e dignidade, tornamo-nos seres diabólicos, animalescos. 

No sábado que antecede o Domingo de Ramos, nossa juventude celebrará, em união com o Santo Padre Francisco, o Dia Mundial da Juventude. Ao entardecer daquele sábado, diante da Catedral Metropolitana, em celebrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, queremos testemunhar nosso desejo de vida digna, honrada, plena para todos. Desejamos rezar nossa disposição de querer efetivamente promover e defender a vida humana em todas as suas dimensões e fases.

Fonte! Coluna semanal A Voz do Pastor, por D. Jaime Spengler, no Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, na edição do dia 10 de abril de 2014.


Nenhum comentário:

Postar um comentário