quinta-feira, 14 de março de 2013

HABEMUS PAPAM



Vivemos dias de intensa expectativa. Depois da surpreendente renúncia de Bento XVI ao ministério de Bispo de Roma, 115 homens reunidos na Capela Sistina, no Vaticano, escolheram seu substituto. Os dias que antecederam essa escolha foram marcados por tempos de oração, estudo e conhecimento mútuo para aqueles que receberam essa nobre e desafiadora incumbência.

Aceitar a eleição certamente não foi fácil. Como sucessor dos Apóstolos, e particularmente do Apóstolo Pedro, o Papa tem a missão de zelar pela vida do rebanho universal; ele é também a cabeça do colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e Pastor da Igreja universal neste mundo; ele, por consequência, e em razão do cargo, goza na Igreja de poder ordinário, supremo, pleno, imediato e universal, que pode exercer sempre livremente. Trata-se de uma missão de enorme envergadura.

Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice? Assim foi perguntado quem recebeu o número de votos exigido para que a eleição fosse válida. Pergunta desafiadora! Resposta difícil! Como não recordar neste momento a tríplice pergunta de Jesus a Pedro: Tu me amas? No centro da decisão não pode estar outra coisa senão o amor pelo Senhor. Entretanto, na origem do amor pelo Senhor está sempre o amor do Senhor pelos seus. O ministério do Bispo de Roma traz em si a marca do amor: amar aos irmãos e irmãs com o mesmo amor do Senhor pelos seus. Este amor não tem somente característica de amizade e reciprocidade, mas indica a disposição de, se necessário, dar a vida; trata-se, pois, de uma amor sem reservas, que exige tudo.

O ministério do Santo Padre é exercício de amor. Amor ao Senhor e seu Evangelho; amor pelo ser humano, amor pela verdade, amor pela vida em suas diversas manifestações.

De diversas partes do mundo, de diversos setores da Igreja surgem vozes solicitando uma revisão do serviço petrino. Sugere-se maior transparência, rapidez nas decisões; solicita-se um maior envolvimento das Conferências Episcopais nas grandes decisões que dizem respeito à vida da Igreja. Enfim, se deseja o fomento efetivo daquilo que se cunhou denominar ‘comunhão’ e ‘participação’. Trata-se de um grande desafio que vem sendo apresentado ao governo da Igreja.

A humanidade e consequentemente a Igreja se vê atingida pelo fenômeno denominado ‘mudança de época’. Este fenômeno atinge não somente este ou aquele aspecto concreto da existência; atinge os próprios critérios de compreender a vida, tudo o que a ela diz respeito, inclusive a própria maneira de entender Deus. Constatamos que o próprio nome de Jesus Cristo é utilizado para expressar atitudes até mesmo opostas ao Reino de Deus, deixando confusos os que querem efetivamente viver a vida de discípulos e discípulas do homem que passou por entre nós fazendo o bem (At 10,38) e fazia bem todas as coisas (Mc 7, 37).

O sucessor do príncipe dos Apóstolos exerce um ministério de caridade em favor de todos. A ele compete o serviço de confirmar os irmãos. A Ele, na comunhão com os Bispos do mundo inteiro, compete a desafiadora missão de guiar a comunidade dos discípulos e discípulas do Senhor por ‘águas tranquilas’.

Habemus papam! Papa Francisco! Para a América Latina é uma notícia de grande significado. Trata-se de um de seus filhos! Recordemos também o fato de a América Latina ser marcada pela tradição cristã católica. Isso aponta para um desafio que toca a todos: fazer valer os princípios nobres e cristãos que distinguiram e distinguem parcela considerável de nosso povo.

Possa o novo Papa, o Papa Francisco, ser pastor bom; homem a nos indicar caminhos para uma vida sempre mais evangélica. Homem segundo o coração do Senhor, capaz de acolher a todos, ministro da unidade da Igreja do Crucificado-Ressuscitado.
 
Fonte! Artigo de Dom Jaime Spengler - Bispo Auxiliar de Porto Alegre e Referencial para a região de Gravataí, publicado no sitio da Arquidiocese de Porto Alegre / RS, no dia 13 de março de 2013: http://arquidiocesepoa.org.br/paf.asp?catego=1&exibir=3347

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