A Basílica Menor Nossa Senhora das Dores, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, foi oficialmente instalada no dia 15 de setembro de 2022 – data em que a Igreja Católica faz memória a Nossa Senhora das Dores. Os fiéis lotaram o templo para acompanhar a sagrada Liturgia, que foi presidida pelo arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, concelebrou Dom Adilson Pedro Busin, e os sacerdotes do clero da Arquidiocese de Porto Alegre e de outras dioceses. A solenidade contou com a presença do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e da primeira-dama, Valéria Leopoldino, entre outras autoridades. A Missa foi transmitida ao vivo pela emissora RDC TV, que reprisará a celebração neste sábado (17) às 7h30, e no domingo às 6h. A celebração também pode ser revista no perfil do canal no YouTube.
Um dos primeiros momentos da Santa Missa foi a leitura da ata de instalação da Basílica Menor feita pelo pároco da Basílica Menor Nossa Senhora das Dores, Pe. Lucas Matheus Mendes, que também passa a ser chamado reitor da Basílica. Em sua homilia, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, destacou a vida de Maria, a partir do Evangelho de João, proclamado na Missa de ontem.
“Nossa Senhora se encontra a sombra da cruz em silêncio. Seu silêncio é mais eloquente do que mil palavras. Ela acompanha a tragédia da execução injusta e cruel do filho amado. Marcada por arranjos de um poder corrompido. Algumas mulheres, com Maria junto, estão a Cruz de Jesus. Ele, que segundo Pedro ´passou por entre nós fazendo o bem´ e o evangelista Marcos coroa dizendo que ‘Ele fazia bem todas as coisas’. Mesmo não havendo alguma outra coisa ao alcance, o amor de mãe não se esconde, não se retrai. Na impotência daquela hora terrível o amor de mãe se torna silenciosa compaixão. A compaixão é a única força capaz de atravessar o último limite do limiar da solidão. Não abandona o amado, nem mesmo na morte. A compaixão permite sentir o outro como sendo a si mesmo. Na compaixão da mãe e das outras mulheres aos pés da Cruz nasce, ressurge o homem novo. Na sua sensibilidade de mãe ela vê o que o olho não viu. E ouve o que ouvidos não ouviram e penetra em corações mesquinhos, insensíveis, corruptos ou duros. Ela viu, ela ouviu, o que Deus preparou para aqueles que o amam. E que por meio do filho amado, ela viu, ela ouviu, ela percebeu, ela experimentou, o que significa a obediência a Deus. A Senhora das Dores acompanha o filho ameaçado, torturado e assassinado por um poder iníquo, que não teme subverter a Justiça, corromper quem quer que seja, para se manter no poder. Ela, Maria, é para nós sempre mãe. Mãe fiel, a imaculada, a compadecida, a senhora das Dores.”
“Está ali, junto aos pés da Cruz, o Discípulo Amado. Ele, símbolo do Testamento Novo. Maria, por sua vez, nos recorda as expectativas do Testamento Antigo. Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua Mãe. O filho recebe a mãe em sua casa. O novo Testamento recebe em sua casa o Antigo. Novo e Antigo devem caminhar juntos, fazem uma unidade. O Novo não se entende sem o Antigo. Seria como um prédio sem fundamento. Uma pessoa sem memória. O Antigo Testamento sem a Luz do Novo ficaria incompleto. Seria como uma árvore sem fruto. A partir deste momento, tudo está consumado. Jesus completou a transição da antiga para a nova aliança, cumpriu sua missão. É por isso que na Ladainha de Nossa Senhora nós cantamos ‘Arca da Aliança’ rogai por nós. Testemunha da consumação da vida do filho, a Senhora das Dores intercede em favor de todos que continuam perecendo à causa do descaso, da falta de sensibilidade, da ironia, da irresponsabilidade de quem teria o dever de cuidar e promover à vida. Pois ela sabe. Ela sempre soube que a grande missão do filho amado era, é, e continuará sendo propiciar vida em abundância para todos.
Jesus no alto da Cruz vê ali a sua mãe. Vê também o discípulo amado. Ele entrega o discípulo à mãe e à mãe aos cuidados do discípulo. E na pessoa discípulo amado somos todos nós entregues aos cuidados dela. Sim, aos cuidados dela. Na pessoa do discípulo amado entregues aos cuidados, a intercessão, da Senhora das Dores. Fomos por assim dizer adotados. Uma nova realidade se inaugura para todos nós aos pés da Cruz. Nasce uma nova humanidade marcada pelo amor e cuidado recíprocos. Esta é a hora, aos pés da Cruz, do novo inaugurado, aos pés da Cruz. A luz da Cruz compreendemos o que significa a fé em Jesus Cristo, o Crucificado-Ressucitado. E a fé é dom, graça. Ela tem implicâncias éticas. A fé nos inspira a agir de forma consequente nos diversos setores da sociedade. É hora de despertar, diz o Santo Padre, daquele fundamentalismo que polui e corrói toda a crença. Chegou a hora de tornar límpido e compassivo o coração. A fé transforma o coração. A fé transforma o nosso coração. A fé transforma o coração humano e inspira o coração a cultivar os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, que se fez pobre, despojado, na Cruz, nu, para acolher a todos. Cristo Jesus se fez pobre. Pobre, são tantas as expressões de pobreza, senão de miséria, também entre nós na sociedade. Quanto dor, quanto sofrimento, quantas lágrimas. Eu pergunto, usando a expressão do Santo Padre. Poderão quantos têm fome guardar uma mente límpida e mostrar diligência em aprender? Pobreza, elites, geram violência e ganância. A fé que nos une verdadeiramente tem implicações éticas. E a Igreja sempre teve presente tal compreensão pois ela sabe que o seu Senhor se fez pobre para resgatar a todos.
Nesta noite, neste espaço sagrado de nossa cidade, manifestamos gratidão ao Santo Padre por ter concedido o título de Basílica Menor a este templo dedicado à Senhora das Dores. Possa quem aqui ingressar, ou para a divina liturgia, oração pessoal, ou simples visita, mesmo turística, sentir-se acolhido qual filho, filha. Porque na casa da mãe nos sentimos acolhidos, protegidos, cuidados, amados. Que a Virgem Mãe tão santa, pura e terna, nos ensine a amar como ela ama, a rezar como ela reza, a acolher a Palavra como ela acolheu. A cuidar da vida como ela cuidou e cuida. A sermos solidários como ela o foi e é. A nos reconhecer como filhos e filhas como ela soube acolher o discípulo amado, agora também filho amado. E assim jamais esquecermos que temos mãe. E por isso não precisamos temer, pois mãe é mãe, sempre mãe. Que a compadecida nos ajude a compreender melhor a nossa fé, nos tornarmos mais humanos e sensíveis. Que Maria, Senhora das Dores, mãe da Palavra tornada carne dolorida, nos ensine a acolher no cotidiano de nossas vidas, também marcado por angústias e dores, a acolher a Palavra, que nos deu o poder e a graça de nos tornarmos filhos e filhas de Deus, e portanto, irmãos e irmãs na fé.”
Agradecimento aos colaboradores
O Pe. Lucas Matheus Mendes, reitor da Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores, lembrou durante a celebração todos os que colaboraram com a preparação da festa de ontem nos últimos três meses. Lembrou a parceria com o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). “Celebramos um momento histórico não só para esta comunidade, mas para a cidade de Porto Alegre e para a Arquidiocese. A Virgem das Dores não fugiu ao sofrimento. A proposta de pleitear o título de Basílica Menor surgiu em meio a pandemia. Num momento de cruz dos seus filhos a Igreja não poderia faltar. Para que fosse necessária esta graça muitas mãos foram necessárias. Agradeço a Dom Jaime o seu carinho de pai, de pastor, com nossa Igreja. Obrigado ao Clero da Arquidiocese que se faz presente em grande número na nossa celebração. Com o sim de nossa igreja particular, um árduo trabalho teve início. Nossa equipe de colaboradores da Paróquia esteve sempre disponível para todo o levantamento histórico, arquitetônico, pastoral. Obrigado. Com a concessão do título o trabalho de preparação para a realização da celebração teve início. Agradeço a todos os funcionários da paróquia, que foram incansáveis. Junto a esta equipe se somaram mais de 90 voluntários. Homens e mulheres de todas as idades que colaboraram na festa da padroeira este ano. Agradeço aos paroquianos, coordenadores do CPP e CAE. Agora a missão aumenta. Tem mais trabalho. Precisamos viver com paixão a missão evangelizadora na nossa cidade de Porto Alegre, sendo Igreja a serviço do mundo. Que Nossa Senhora das Dores continue intercedendo por nós.”
A Setena em honra a Nossa Senhora das Dores prossegue nesta sexta-feira, às 19h30, com a presença de Dom Darley José Kummer, bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre. O encerramento será no sábado com a presidência da celebração do Pe. Talis Pagot, que em breve assumirá a paróquia Nossa Senhora da Medianeira, na capital.
Leia mais sobre a Basílica Menor Nossa Senhora das Dores nas reportagens abaixo
Fotos Divulgação Pascom Dores
Fonte! Postagem publicada no sítio oficial da Arquidiocese de Porto Alegre, no dia 16 de setembro de 2022: https://www.arquipoa.com/noticias/basilica-menor-nossa-senhora-das-dores-e-oficialmente-instalada
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