A Arquidiocese de Porto Alegre continua a série de reportagens sobre os
sacerdotes que estão fora do território estudando ou desenvolvendo
trabalhos em outras missões. A terceira entrevista é com o padre Antônio
Hofmeister, 49 anos, que completa 20 anos de ordenação presbiteral em
junho, e desde 2020 trabalha no Vaticano. Confira:
Fale um pouco de sua trajetória, desde as primeiras lembranças de
igreja quando criança/adolescente, a formação, paróquias por onde passou
na Arquidiocese?
Padre Antônio Hofmeister – Fui batizado no Santuário de Nossa Senhora
Aparecida em Ipanema, onde moravam meus padrinhos, mas cresci na
Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, no bairro Rio Branco. Lá fiz a
minha primeira comunhão e a crisma. Além, é claro, do ambiente familiar,
devo muito da minha formação cristã durante os anos de juventude aos
movimentos de apostolado do ONDA e do CLJ da mencionada paróquia. Quando
entrei na Universidade, minha família mudou-se para o bairro
Petrópolis, e passei a participar do Movimento de Emaús, que também
colaborou muito em minha formação cristã e no despertar da vocação. No
ano de 1996 entrei para o seminário, e em 2002 fui ordenado presbítero
por nosso atual Arcebispo Emérito, D. Dadeus Grings.
No dia de minha ordenação (22 de junho de 2002), D. Dadeus me
comunicou a minha primeira nomeação como padre: Vigário Paroquial da
Paróquia São João Batista, em Camaquã. Naquela época, a paróquia
abrangia também os municípios de Chuvisca e Cristal. Lá trabalhei os
dois primeiros anos de meu ministério sacerdotal. Em julho de 2004 fui
nomeado pela primeira vez pároco: Paróquia de Nossa Senhora das Dores,
no centro da capital. Tive a alegria de ser o pastor daquela comunidade
por 4 anos e meio, até o final do ano de 2008, pois no início de 2009 eu
partiria em missão para a Igreja Irmã da nossa Arquidiocese, a então
Prelazia Territorial do Xingu (hoje Diocese de Xingu-Altamira). Lá
trabalhei por dois anos na Paróquia São Braz, no município de Porto de
Moz (onde hoje se encontra o Pe. Tiago Camargo, do nosso clero), e por
seis meses fui Administrador Paroquial da Catedral do Sagrado Coração de
Jesus, em Altamira.
No segundo semestre de 2011 vim a Roma, onde permaneci até 2013,
realizando os estudos do Mestrado em História da Igreja. Entre agosto de
2013 e julho de 2016 fui pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima
(paróquia para os imigrantes de língua portuguesa), na Arquidiocese de
Edmonton, no Canadá. Regressando à nossa Arquidiocese em agosto de 2016,
fui nomeado pároco da Paróquia Santa Hedviges, no Jardim Algarve, em
Alvorada, onde permaneci até o ano de 2020, quando vim assumir esta nova
missão em Roma.
Nos fale sobre a sua atividade atualmente no Vaticano?
Padre Antônio – No início de 2020 fui chamado por D. Jaime à Cúria
Metropolitana. Lá, o Arcebispo me comunicou que eu havia sido escolhido
para trabalhar na Secretaria de Estado, no Vaticano. Deveria
apresentar-me aqui em Roma no mês de março de 2020 mas, devido às
limitações impostas pela pandemia da COVID-19, apenas pude chegar à
cidade eterna no mês de agosto daquele ano. Em resumo, minha atividade é
colaborar na Seção de Língua Portuguesa, uma das 8 sub-seções
linguísticas dentro da chamada Primeira Seção da Secretaria de Estado,
ou Seção para os Assuntos Gerais. Esta minha colaboração inclui várias
tarefas que exigem o conhecimento da língua: traduções dos textos
oficiais para o português, preparação de resumos em italiano de textos
que chegam aqui em português, encaminhamento para as diversas
congregações e dicastérios da Cúria Romana, se for o caso, destes mesmos
documentos, de acordo com a competência, etc. Também colaboro como
leitor de língua portuguesa nas audiências gerais do Santo Padre nas
quartas-feiras, alternando com meus dois colegas de Portugal.
Como é o seu contato com o Papa Francisco?
Padre Antônio – Moramos na mesma casa: a Domus Sanctae Marthae (Casa
de Santa Marta). Eventualmente nos cruzamos no hall de entrada ou no
refeitório. Mas o contato mais próximo é mesmo durante as audiências das
quartas-feiras.
Como o senhor celebra os sacramentos no Vaticano? Eucaristia? Reconciliação?
Padre Antônio – Temos uma concelebração diária, para os residentes,
na Capela da Casa. Uma vez por semana, nas terças-feiras à tarde, eu
atendo às Missionárias da Caridade (Congregação fundada pela Santa Madre
Teresa de Calcutá), junto à Igreja de São Gregório, no monte Célio. Aos
Domingos, celebro missa na Paróquia Santa Maria delle Grazie (Nossa
Senhora das Graças), aqui pertinho do Vaticano.
Como é o seu contato com os brasileiros no Vaticano? Fale também um
pouco sobre as outras nacionalidades (padres, religiosos, leigos)
Padre Antônio - Aqui na casa Santa Marta mora um outro padre
brasileiro, o Pe. Bruno Lins, da Arquidiocese do Rio de Janeiro. Ele já
trabalha aqui há 12 anos. Conheço outros padres brasileiros que também
trabalham na Cúria Romana, e eventualmente nos encontramos para vivermos
a fraternidade sacerdotal. Também tenho contato, como ex-residente, com
a comunidade dos padres brasileiros que estão estudando em Roma e moram
no Pio-Brasileiro. No meu trabalho na Secretaria de Estado tenho
contato com padres, religiosas e leigos das mais diversas nacionalidades
que também prestam seu serviço à Santa Sé.
O que o senhor gosta de fazer como lazer?
Padre Antônio - Ler e passear por Roma e arredores.
Há uma data prevista de seu retorno para o Brasil?
Padre Antônio – O contrato é por cinco anos, portanto, espero retornar em 2025.
Fonte! Publicação veiculada no sitio oficial da Arquidiocese de Porto Alegre, no dia 22 de fevereiro de 2022. Acesse clicando em: https://www.arquipoa.com/noticias/arquidiocese-pelo-mundo-uma-conversa-com-o-padre-antonio-hofmeister