segunda-feira, 2 de maio de 2011

Papa Bento XVI beatifica João Paulo II no Vaticano

Confirmação de mais um milagre de Karol Wojtyla pode elevá-lo a santo
Aplausos, sorrisos e lágrimas, tudo emoção e alegria. João Paulo II, o polonês Karol Wojtyla, que governou a Igreja Católica por mais de 26 anos, de 1978 a 2005, virou beato às 10h38min (5h38min do Brasil), quando seu sucessor e amigo, o Papa Bento XVI pronunciou a fórmula da beatificação.


"Com a nossa autoridade, concedemos que o venerável servo de Deus João Paulo II seja chamado de beato e que se possa celebrar a sua festa todos os anos, no dia 22 de outubro, nos lugares e conforme as regras estabelecidas pelo direito", declarou Bento XVI, em latim, atendendo a um pedido do cardeal Agostino Vallini, vigário geral para a diocese de Roma.

Seguiram-se oito minutos de palmas, enquanto um coral repetia, com a multidão, três vezes amém. Na janela principal da fachada da Basílica de São Pedro, uma cortina correu devagar para mostrar um rosto sorridente e ainda cheio de juventude de João Paulo II, com uma auréola de santo aplicada em fundo de céu azul. A freira Francesa Marie Simon Pierre, beneficiada pelo milagre aprovado para a beatificação, depositou junto do altar uma relíquia de seu benfeitor - uma ampola com sangue colhido no hospital, em seus últimos dias de vida.

Basta agora mais um milagre de João Paulo II para ele ser canonizado ou declarado santo. Ou nem isso, se o Papa Bento XVI dispensar essa exigência, para acelerar o processo. Nesse caso, bastaria somente a reafirmação das virtudes heroicas, já comprovadas para a beatificação. A julgar pelo procedimento adotado por Bento XVI, que logo após a morte ignorou o prazo de cinco anos previsto para o início da causa que daria ao amigo o título de beato, é provável que a canonização não demore.

"Giovanni Paolo, Giovanni Paolo!", gritaram os compatriotas poloneses, em um entusiasmo contagiante que a multidão ecoou. Havia mais de um milhão de fiéis na Praça de São Pedro e suas imediações, segundo o Vaticano. Ou 1,5 milhão, de acordo com a polícia de Roma.

A julgar pelas bandeiras vermelho e brancas, os poloneses eram maioria no local. Adultos ou jovens, eram peregrinos piedosos, que se ajoelharam com os olhos molhados de lágrimas para invocar o beato Karol Wojtyla. "Rodamos 20 horas da região de Cracóvia até Roma para viver esse momento", revelou a bibliotecária Bárbara Kawka, que viajou com sete amigos, em dois carros, para assistir a beatificação. Dormiram na rua, perto da basílica, em uma noite fria que ameaçava chuva.

As brasileiras Elinete Passos e Aparecida Aurora Cordeiro, mineiras de Teófilo Otoni que moram na Itália, na região do Piemonte, também dormiram na calçada. Às 7h, entraram na Praça de São Pedro, que já estava cheia. Os cavaletes que impediam o acesso foram abertos às 5h25min.

Bento XVI também parecia emocionado com a oportunidade de ter declarado beato o seu predecessor, com quem ele trabalhou durante 23 anos, desde que foi nomeado, em 1983, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. "Passaram-se já seis anos desde o dia em que nos encontrávamos nesta praça para celebrar o funeral do Papa João Paulo II. Já naquele tempo, sentíamos pairar o perfume da sua santidade, tendo o povo de Deus manifestado de muitas maneiras a sua veneração por ele. Por isso, quis que sua causa de beatificação pudesse, no devido respeito pelas normas da Igreja, prosseguir com discreta celeridade, e o dia esperado chegou! Chegou depressa, porque assim aprouve ao Senhor: João Paulo II é beato!", destacou.

Entre os presentes na cerimônia estavam o presidente da Polônia, Lech Walesa; o vice-presidente do Brasil, Michel Temer, chefe da delegação brasileira e seu séquito; o deputado Gabriel Chalita e o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. Temer comungou na missa e, mais tarde, cumprimentou Bento XVI, quando as autoridades passaram pela urna do beato João Paulo II.

Na alocução final, o Papa fez uma saudação ao presidente da Itália e à sua comitiva, agradecendo "às autoridades italianas sua colaboração na organização desse dia de festa".

Fonte! Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS, edição do dia 2 de maio de 2011. Créditos da foto: Alberto Pizzoli/AFP/JC. 

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