sábado, 12 de março de 2011

A vida no planeta

A Campanha da Fraternidade de 2011 tomou como tema a vida no planeta, sob o lema "a criação geme em dores de parto". O objetivo é conscientizar dos problemas ecológicos mundiais, entre os quais se destacam o aquecimento global e as mudanças climáticas.

A grande pergunta que se faz é: "onde erramos?"

Não se quer, porém, ficar na simples constatação dos fenômenos, mas debater a problemática e promover ações para enfrentar o problema, a fim de preservar as condições de vida no planeta. Para isso se propõem como objetivos específicos:

- formar uma consciência ambiental, identificando responsabilidades e apontando implicações éticas;

- mostrar a gravidade e urgência dos problemas ambientais e articular ações, no plano local, regional e nacional, para vir ao encontro desta situação;

- trocar experiências e abrir caminhos novos neste campo.

Para conseguir estes objetivos, a CNBB mobiliza pessoas e comunidades e a sociedade como um todo para o protagonismo na superação dos problemas socioambientais; propõe atitudes, comportamentos e práticas, fundamentados em valores que têm, como referência, a vida no seu relacionamento com o meio ambiente; denuncia situações e aponta responsabilidades.

Não é a primeira vez que a Campanha da Fraternidade - que já acumula muitos méritos ao longo de sua história - aborda o problema ambiental. Em l979, preconizava um mundo mais humano, incentivando a preservar o que é de todos. Em l984, tratou do tema "fraternidade e vida": terra de Deus - terra de irmãos. No ano 2000, assumiu a problemática da relação entre dignidade humana e paz. Em 2002, tratou dos povos indígenas, por uma terra sem males. Em 2004, abordou o tema da água, como fonte da vida. Em 2007 viu a Amazônia na perspectiva da vida e da missão. Em 2008, pôs-se na defesa da vida.

A constatação que leva a esta campanha é que o planeta terá está com febre. Todos sabemos que, quando a temperatura de nosso organismo passa dos 36,5 graus,sente-se um mal-estar. Antigamente, para designar qualquer doença, se dizia que se estava com febre. É sintoma de que algo está errado. E como reza o princípio filosófico "eliminada a causa cessa o efeito", não basta atacar o efeito, tentando apenas baixar a febre. É preciso atacar as causas: individuá-las e combatê-las.

No caso da febre não basta um analgésico. Quando a pessoa não encontra solução adequada em seu próprio repertório, de acordo com o princípio de subsidiariedade, vai em busca de socorro. No caso é o médico. Quando uma simples consulta não dá segurança para um diagnóstico satisfatório, este manda fazer uma bateria de exames. Só depois arrisca um prognóstico: receita remédios, que vão desde uma intervenção cirúrgica até dietas; desde comprimidos, geralmente caros e com efeitos laterais não desprezíveis, até exercícios físicos...

Se nosso planeta está com febre, constatada pela elevação da temperatura global, cabe um diagnóstico e, depois, um prognóstico, do qual todos devem tomar parte. É o que esta Campanha da Fraternidade leva a fazer.

Colocamo-nos na perspectiva de Mahatma Gandhi de que "o mundo tem recursos suficientes para atender às necessidades de todos, mas não à ambição de todos".

Fonte! Coluna A Voz do Pastor, por Dom Dadeus Grings, publicada no Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), na edição do dia 10 de março de 2011.

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