domingo, 17 de novembro de 2013

O novo arcebispo de Porto Alegre

Na Voz do Pastor da semana passada, procurei olhar para trás, destacando alguns marcos do caminho percorrido. Agora, nesta última Voz do Pastor que escrevo, antes de passá-la ao sucessor, olho para frente. Não seguimos o pessimismo do General De Gaulle, que dizia vir o dilúvio após seu governo. Muito pelo contrário: entrego o pastoreio da Arquidiocese de Porto Alegre a alguém não só por mim muito querido, mas também de grande capacidade e de muitos valores para enriquecer significativamente a Igreja de Porto Alegre. Além do mais, temos a certeza de que é o Espírito Santo quem dirige a Igreja. Conforme o Concílio Vaticano II, a Igreja é da Santíssima Trindade, que a garante e a orienta: o Pai enviando o Filho e ambos nos dando o seu Espírito para que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.

Dom Jaime Spengler, OFM, toma posse como sétimo arcebispo de Porto Alegre e o arcebispo mais novo do Brasil, com 53 anos de idade. Nasceu em Gaspar, no estado de Santa Catarina, no dia 6 de setembro de l960. Em l982, entrou na Ordem dos Frades Menores, popularmente conhecidos como franciscanos. Foi ordenado presbítero em 1990. Lembremos que “frade”, no português arcaico, é irmão. Não deixa de ser significativo que os discípulos de S. Francisco de Assis se chamem de “irmãos menores”. Exprimem o espírito do Evangelho de Jesus Cristo: quem quiser ser o maior, seja o servidor de todos e se coloque no último lugar. Temos um exemplo marcante no Papa Francisco. Não só não teme o povo, mas se põe decididamente no meio dele, como quem o ama e o serve. Tem o “cheiro do rebanho”.

Dom Jaime, em novembro de 2010, foi nomeado bispo auxiliar de Porto Alegre. Neste período, conquistou a simpatia do povo da Arquidiocese. Por isso, seu nome começou a circular em todos os ambientes. Há uma longa pesquisa para se chegar à nomeação de um bispo, ainda mais quando se trata de uma Arquidiocese da envergadura de Porto Alegre. O nome de dom Jaime mereceu o consenso geral.

Agradecemos ao Papa Francisco o presente que deu a Porto Alegre; agradecemos a todos os que contribuíram para este feliz desfecho. Agora, só nos resta desejar que ele tenha muito êxito na sua missão. Na certeza de que é o Espírito Santo quem dirige a Igreja e que dom Jaime reúne as melhores qualidades de um bom pastor, para os tempos de hoje e para nossa querida Arquidiocese de Porto Alegre, passamos, com confiança, a ele, o bastão de comando. A Arquidiocese só tem a ganhar com a sua presença e atuação.

De minha parte, encosto meu cajado de pastor, com a consciência do dever cumprido. Digo com S. Paulo: “combati o bom combate, terminei minha carreira, guardei a fé”, que procurei testemunhar ao longo de toda a minha vida, especialmente de meu ministério episcopal.

Esta é minha última Voz do Pastor. A partir da próxima semana, ela passará para dom Jaime. Só me resta agradecer ao Jornal do Comércio, que ultimamente abriu graciosamente seu espaço, esta coluna; a todos os leitores e ouvintes da Rádio Aliança e da Rádio Fraternidade, que semanalmente acompanharam minhas reflexões. Lembramos que dom Vicente Scherer, que chegou a editar sua milésima Voz do Pastor, iniciou esta coluna baseando-se numa similar de dom Jaime de Barros Câmara, do Rio de Janeiro. Já tem, pois, uma longa história, com uma presença significativa na vida da Arquidiocese de Porto Alegre. E certamente continuará a ter. Estará em boas e altamente qualificadas mãos!

Fonte! Coluna A Voz do Pastor, por Dom Dadeus Grings, nas páginas do Jornal do Comércio de Porto Alegre (RS), na edição do dia 14 de novembro de 2013.